No dia 11 de abril, véspera do domingo da misericórdia, o Santo Padre Francisco promulgou a Bula Miericordiae Vultus sobre o rosto da misericórdia. O Romano pontífice está intencionado em proclamar o ano da misericórdia para todo o mundo católico no dia 08 de dezembro de 2015, para que o povo reze e pense sua vocação a partir dessa indicação tão importante.
Para o pontífice “Jesus é o rosto da misericórdia” (MV, 1). Esse é o pressuposto síntese do qual toda a Igreja deve partir e ter como missão anunciar. Em suma “a misericórdia de Deus não é uma ideia abstrata mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu amor como o de um pai e de uma mãe que se comovem pelo próprio filho até ao mais íntimo das suas vísceras” (MV, 6).
Essa definição envolve todas as outras e expressa bem a forma com a qual ela deve ser compreendida. Ela indica a maneira como a Igreja deve agir tendo por pressuposto as ponderações pontifícias. A ação pastoral toda será voltada para o modo como Jesus se relacionava com seus discípulos. É preciso retornar às fontes.
Sobre isso, indica o pontífice: “Deus é amor (1 Jo 14, 8.16). afirma-o pela primeira e única vez em toda a Escritura, o evangelista João. Agora este amor se tornou visível e palpável em toda a vida de Jesus. A sua pessoa não é senão amor, um amor que se dá gratuitamente. O seu relacionamento com as pessoas, que se abeiram Dele, manifesta algo de único e irrepetível. Os sinais que realiza sobretudo com os pecadores, as pessoas pobres, marginalizadas, doentes e atribuladas, decorrem sob o signo da misericórdia” ( MV, 8).
Essa bula expressa o real querer do Santo Padre sobre um modo de ser da Igreja e de todos os cristãos, estabelecer novos critérios como: acolhida, saída, encontro, sensibilidade, compaixão, todos tendo como base comum o sentimento de misericórdia. Francisco torna clarividente que a misericórdia é uma dimensão eclesial e que perpassa todas as outras, ser misericordioso é um jeito de ser cristão e em consequência um jeito de ser Igreja.
A misericórdia é a maneira pela qual a Igreja ganha cada vez mais significado nos nossos dias. O aproximar-se, o fazer-se próximo e o aquecer são frutos de uma atitude entusiasmada pela misericórdia. Nesse sentido se expressa Francisco “a primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. E, deste amor que vai até o perdão e dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto aos homens. Por isso, onde a Igreja estive presente, aí deve ser presente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos- em suma, onde houver cristãos-, qualquer pessoa deve poder encontrar mais um oásis de misericórdia” (MV, 12).
O lema do Ano Santo “Misericordiosos como o Pai” é sugestivo para a sua compreensão. E, neste jubileu, o Papa Francisco afirma: “a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com solidariedade e atenção devidas. Não nos deixemos cair na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói”. (MV, 15).
Como gesto concreto para o ano da misericórdia, o Santo Padre enviará missionários da misericórdia, ou seja, “serão sacerdotes que terão autoridade de perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica, para que se torne evidente a amplitude do seu mandato”. (cf. MV, 18).
A Igreja quer recordar que Deus está sempre disponível para o perdão. E, ela, sacramento Dele, está sempre de novo disposta ao acolhimento e à misericórdia. O papa conclui sua bula invocando a Maria, mãe de misericórdia, que ela interceda por todos nós junto ao coração misericordioso de Seu Filho.
Confira aqui o Calendário do Jubileu da Misericórdia