As exigências para ser cristão são grandes. O tempo hodierno, tão caótico em sua moral e ideologia, pede um olhar sensível, uma presença que modifique, fugindo de um ativismo estéril que se faz em meio a barulhos que ensurdecem o raciocínio e defende interesses escusos, mas também não sugere o “passivismo”, sobretudo quando ele é sinônimo de omissão.
Estamos vivendo uma era de ruídos falhos que impedem os argumentos, gritam muito, pensam pouco. Duas espécies de “ditaduras”. Ambos querendo impor a sua maneira e não querem ouvir. Usam as mesmas armas para defender o distinto, fato que gera a manutenção da não solução para nada. Não está na razoabilidade das situações ofender para alcançar a paz, ofender quem pensa distintamente, qualificá-los com adjetivos mais baixos em sua semântica. Não é democrático só ser ouvido, ou apenas falar. Não é democrático demonizar o diferente. A atual conjuntura esvazia o conceito de democracia. A esterilidade dos gritos não colabora para nenhuma dimensão do crescimento humano, muito menos sua maturidade.
Neste sentido é fundamental observar Jesus. Cada passo Seu é uma escola, cada silêncio Seu reconstrói a vida. Ele foi um homem que soube conviver com o diferente. Sem confundir-se com aqueles que Dele discordavam. Ele não usou as armas daqueles que não O aceitaram, venceu sem fazer vencidos. Em nome de Jesus, por vezes, tomam atitudes que Ele não tomaria, praticam gestos que jamais Ele os faria. Ensinam um cristianismo de rótulos, um cristianismo violento, anárquico, em nome de uma libertação que jamais ocorrerá por estes moldes. Apenas conseguirão transferir a escravidão. E, até pior, serão escravos com sensação de liberdade, fato que piora e é moralmente inaceitável. Um “tudo pode” que faz alguns terem orgulho de serem escravos, “sentirem saudades do Egito”.
Com efeito, estamos convivendo entre tais extremos “tudo pode” e “nada pode”, ou ainda “pode o que eu quiser”. Não se produzirá frutos, este fato é a manutenção do caos. Caos que as inteligências maldosas aproveitam para crescer. Em função disso é necessário perceber Jesus. Ele, sorrateiramente, foi conquistando corações, dando testemunho, mostrando a irreverência de Deus, um caminho diferente. Em grande parte das vezes, silenciosamente, mas nunca passivamente, de forma omissa. Ele ensinou uma outra maneira de ser presença, sem vandalismo, sem bandeiras, sem obscuras intenções em nome dos menos favorecidos.
Jesus experimentou a vida dos simples, calçou suas sandálias e assim os proclamou bem-aventurados. Não conservou práticas maldosas e, muito menos sugeriu ousadias desumanas, desventuras em nome da paz. É imperioso observar Jesus para, com efeito, aprender de Jesus e, ainda mais imitá-Lo em sua postura.
Padre Alessandro Tavares Alves
Diocese de Leopoldina