A Igreja celebra com fecundidade o tempo do advento, a bela preparação para o natal do Senhor. Esse tempo litúrgico sugere espera, expectativa, cuidado com o coração e, sobretudo, uma contemplação de si, com os olhos do Mestre. Há uma pressurosa beleza em tudo isso. Não se trata de uma mera espera, uma passividade, mas sim, uma esperança operante em que, sabendo que receberemos Alguém, faremos todo o possível para que este Alguém seja muito bem acolhido.
A espera sugere despojamento, para que, com leveza, esperemos o Natal, esperemos a compreensão da simplicidade. A espera em Deus é sempre uma realização pessoal. Ele que não fala em nossa ansiedade, mas sim em nossa esperança. É preciso deixar Deus chegar em nossa vida, em nossas situações mais vulneráveis. É preciso que Ele nos encontre nus, desprovidos de nossas máscaras e desculpas, para que ali seja o seu lugar, que nossa fragilidade seja o momento de Deus. E, assim, Seu amor nos refaça.
A educação do coração, dos desejos e afetos evidenciam que nós somos um território em construção, que precisa ser educado, aperfeiçoado pela misericórdia e a esperança. Um coração que dê tempo a Deus, que O deixe ser Ele. É um momento fecundo de se demorar mais no silêncio, deixar o Senhor comunicar.
Educar o coração para a expectativa alegre e feliz, é o amor que virá e em forma de criança. Isso é belo! O amor vem desarmado, indefeso, vulnerável e, mais ainda no colo de uma simples e grandiosa mulher. Essa espera ensina o coração a encontrar e deixar-se ser amado, ser cuidado pelo amor que encanta.
É fundamental preparar o coração, pois alguém especial chegará. Chegará para nós e por nós. Só o amor é assim. Deus sempre interfere na hora certa, usando meios insondáveis, garantido que não nos abandona nunca. Evidenciando que Ele não nos tira as batalhas necessárias, mas que luta conosco. É consolador perceber a amizade de um Pai que não desiste.
Deixemos Maria, a mãe do advento, auxiliar-nos na espera de seu filho. Ela que carregou o amor nos braços ajude-nos ao menos a carregá-Lo no coração.
Pe Alessandro Tavares Alves
Diocese de Leopoldina