Ser cristão é ser tomado de amor; é seguir apaixonadamente a um mestre que nos cura sorrindo, abraçando, entendendo e falando pouco. Todo cultivo é exigente, mas sempre gratificante. Implica dor e tristeza, mas, experimenta o consolo do abraço do Pai nas horas mais difíceis. Ser seguidor de alguém implica observar os passos, para evitar os deslizes que atrasam o caminho, que por si só já é exigente.
O coração do cristão é sempre um coração rasgado, rasgado de amor. Assim como o agricultor precisa mexer na terra, arar, revirar, para somente depois jogar a semente, assim também é a vida do seguidor de Jesus de Nazaré. É preciso rasgar-se todos os dias, com efeito, não sem sofrimento, para que a semente do Evangelho encontre o ponto fértil para criar raízes.
A criatividade do Espírito Santo nunca se ausenta do seguidor do mestre, a inteligência se alarga quando se trata de fazer o bem e de se fazer presente a memória de Jesus Cristo. A contemplação da cruz enche o coração do mais verdadeiro sentido de humanidade e divindade. Ali, o amor se fragilizou ao máximo, ao limite do humano, para tomar para Si os fracos e os pobres.
O cultivo do coração é uma necessidade para o seguidor de Jesus. É o melhor jeito para ser seu imitador, ter os mesmos sentimentos que Ele. Maria de Nazaré fez a experiência de deixar Deus morar em seu coração, por isso ele é sempre fecundo. O próprio Jesus cultivou a mansidão no seu coração e soube fazer dele, seu coração, a morada de seus pobres e aflitos e soube dar-lhes o verdadeiro descanso.
É preciso transformar a existência inteira em tenda para Deus, morada do Espírito Santo. O coração que é tenda de Deus é também morada de irmãos, casa de gente. A cruz prepara o coração para o afeto, ela não deixa que o coração congele e se feche aos sentimentos mais nobres, ou seja, aos sentimentos mais humanos.
Padre Alessandro Tavares Alves
Diocese de Leopoldina