Estou no Haiti , acompanhando o Arcebispo de Juiz de Fora ,Dom Gil Antônio Moreira com mais cinco missionários leigos para viver essa experiência e quem sabe, como Província Eclesiástica de Juiz de Fora, também nós, Diocese de Leopoldina, podemos pensar num trabalho missionário aqui no Haiti.
O texto abaixo foi escrito pelas missionárias leigas Ana Maria e Marina que nos acompanham nessa missão.
“ O dia de hoje (19 de julho) foi muito forte e emocionante.Visitamos uma obra brasileira, Missão de Belém, que está aqui no Haiti há 6 anos. Conhecemos o trabalho da missão que eles fazem junto às crianças de uma das regiões mais pobres e violentas da cidade. Nunca vimos na vida tanta miséria…Junto do sofrimento e convívio com o esgoto na porta de casa, lixo, animais, eles moram em minúsculos barracos feitos por telhas de zinco, sem energia elétrica, que ficam em ruelas estreitas e rodeadas de água com todo o tipo de rejeitos… mas ainda é possível encontrar alegria , acolhida, amor e esperança em seus sorrisos, olhares e abraços. Nos resta rezar muito por este povo sofredor e que precisa de nós. Muitas emoções que não cabem em palavras ou fotos, mas registramos alguns pequenos momentos para partilharmos com vocês”.
MISSÃO DE BELÉM – Saiba um pouco mais sobre essa verdadeira obra de Amor.
Depois do terremoto que assolou o Haiti em janeiro de 2010; o Arcebispo de São Paulo propôs para o Pe Jean Pietro que viesse para o Haiti . Em maio chegaram aqui nesse lugar onde implantaram a obra. O lugar não havia árvores, só mangue, lixão e barracas improvisadas do exército. De acordo com Pe. Jean, colocaram em seus braços uma criança falecida e pediram que rezasse uma missa e providenciasse os funerais. Padre Jean enxergou ali um sinal de Deus. A obra Missão de Belém seria ali mesmo, em meio ao lixão.
No primeiro ano moravam ali junto com o povo e vários missionários sofreram com a malária, com a tuberculose ,pois comiam , bebiam e dormiam junto com o povo sofrido daquele lugar.
Com o tempo conseguiram levantar um Centro Escola, que funciona de sol a sol. Acolhem 1500 crianças que são atendidas em todas as suas necessidades; desde matar a sua fome, toda a base escolar e é feita a catequese e a evangelização. Todos os domingos é celebrada a missa. O Centro fica aberto também nos fins de semana.
Há uma enfermaria, que hoje está com 40 crianças internadas em tratamento contra a desnutrição e outros tipos de doenças.
O Centro de Belém é mantido por doações , método do apadrinhamento. Cada criança tem um padrinho ou madrinha brasileiros que doam cinqüenta reais por mês. Há também os padrinhos italianos.
Trabalham no Centro de Belém cinco missionários brasileiros: Irmã Renata, Irmã Cacilda, Irmã Vanessa , Irmã Valesca e um Italiano Irmão Danielle.
Segundo Irmã Renata , que é a Coordenadora da Comunidade , a maior dificuldade é a resistência de alguns pais em trazerem as crianças todos os dias, principalmente os bebês: pois a mortalidade infantil é muito grande; morrem de desnutrição, de febre, diarréia, cuidados simples; que poderiam ser evitados se as crianças viessem para o Centro pois aqui encontrarão comida, higiene, carinho, amor e tratamento médico.
Desabafo de Dom Gil: “Estamos visitando um lugar onde há mais ou menos 2000 casas feitas de latas, plástico, lona, tudo feito sobre um lixão .Nunca , em toda minha vida vi tanta miséria! Ninguém está presente! Nem governo federal, estadual, municipal! Só a IGREJA CATÓLICA ! Com a Missão Belém , o que eles fazem aqui é uma obra divina. Eles fazem para as crianças e para esse povo sofrido, dando-lhes comida, carinho, dignidade e evangelização! Que Deus os abençoe! Há também neste local as Irmãs Italianas que se dedicam a construção de casas de alvenaria para melhor abrigar as famílias . “
Os Frades Franciscanos da Providência de Deus que estão nos acolhendo, desenvolvem junto com a Comunidade uma padaria. As mulheres que participam desse projeto , aprendem a fazer pães que são distribuídos na Obra Social e os que sobram elas levam e vendem. O dinheiro fica com elas para que possam comprar alguma coisa de que tem necessidade.
Hoje, dia 20 de julho, Dia do Amigo, envio meu abraço a todos; pois somos todos irmãos e amigos na pessoa de Jesus Cristo! Continuem rezando por nós e por todo povo haitiano.
Um grande abraço a todos. Paz e bem!
Dom José Eudes Campos do Nascimento
Bispo de Leopoldina