O Papa Francisco na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium traçou, com sabedoria, seu programa de pontificado. Nesse sentido o que sucede daí em diante contém sempre o teor da alegria do Evangelho. A Encíclica Laudato Si é o prolongamento das palavras do Santo Padre, uma vez que o cuidado da casa comum só se dará a partir de um coração alegre, porque encantado pelo Evangelho que é Jesus mesmo.
O cuidado com o meio ambiente é também uma dimensão primordial de toda evangelização. Para que o anúncio seja integral é preciso que ele contemple essa dimensão para que, evidentemente, tenha-se um efetivo resultado na ação evangelizadora.
A preocupação de Francisco é sobremaneiramente preocupado com os mais pobres, pois são atingidos diretamente pelas grandes decisões econômicas e políticas. Nesse sentido, eles também são os que mais sofrem com os desequilíbrios ambientais, por isso, requer cuidado integral com a casa comum.
O papa afirma que: “há outros seres frágeis e indefesos, que muitas vezes ficam à mercê dos interesses econômicos ou de um uso indiscriminado. Refiro-me ao conjunto da criação. Nós os seres humanos, não somos meramente beneficiários, mas guardiães das outras criaturas” (EG, 215). A preocupação do Pontífice é coerente com o ensinamento do Evangelho e, sobretudo com o cuidado de tudo o que envolve a pessoa humana.
Toda ação evangelizadora deve ter como horizonte de ação o ser humano integral e lutar para o desenvolvimento de todo homem e do homem todo. Devido a isso é que a Laudato Si é o coração que pulsa forte da Evangelii Gaudium, pois especifica a ação missionária da Igreja. Apresenta-lhe o verdadeiros sentido e significado.
Ainda colabora o pontífice: “pela nossa realidade corpórea, Deus uniu-nos tão estreitamente ao mundo que nos rodeia, que a desertificação do solo é como uma doença para cada um, e podemos lamentar a extinção de uma espécie como se fosse uma mutilação. Não deixemos que, à nossa passagem, fiquem sinais de destruição e de morte que afetem a nossa vida e a das gerações futuras” (EG, 215).
A preocupação é integral, com toda a natureza com sua beleza original. Deus Se no manifesta na singeleza e no silêncio que fala pelo próprio dado criado. Precisamente sobre o meio natural o Romano Pontífice afirma: “muitos pobres vivem em lugares particularmente afetados por fenômenos relacionados com o aquecimento, e os seus meios de subsistência depende fortemente das reservas naturais e dos chamados serviços do ecossistema, como a agricultura, a pesca e os recursos florestais” (LS, 25).
Embora a Encíclica abra um diálogo com todos para que juntos buscar caminhos, o pontífice entende a dimensão do desafio que é propor a conversão ecológica. Nessa linha de raciocínio colabora Francisco: “se, pelo simples fato de serem humanas, as pessoas se sentem movidas a cuidar do ambiente de que fazem parte, os cristãos, em particular, advertem que a sua tarefa no seio da criação e os seus deveres em relação à natureza e ao Criador fazem parte da sua fé. Por isso, para a humanidade e para o mundo, que nós crentes, conheçamos melhor os compromissos ecológicos que brotam das nossas convicções” (LG, 64).
É imprescindível pensar em uma ecologia humana, tendo-a como alvo de toda prática eclesial. A sensibilidade pastoral não deve se descuidar do meio ambiente e entre as proposições da evangelização deve estar como prioridade o cuidado com a casa comum, ou seja, a inadiável urgência da conversão ecológica.
Conversão essa que passa por uma mudança de estilo, novas ênfases. Assim o cuidado com a casa comum é o coração do Evangelho, em outras palavras a Laudato si é o coração da Evangelii Gaudium.
Alessandro Tavares Alves
III ano de Teologia
Referência
FRANCISCO, PAPA. Evangelii Gaudium: sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. São Paulo: Paulus, 2013.
___________. Laudato Si: sobre o cuidado da casa comum. São Paulo: Paulinas, 2015.