O Arcebispo emérito de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, o cardeal Cláudio Hummes é um grande interessado nas questões da nova evangelização e as exigências que isso impõe aos futuros presbíteros. Para ele é fundamental a dedicação à formação dos novos padres para essa evangelização que se apresenta como nova.
Em tempos de mudança de época e época de mudança, onde impera a transitoriedade é sempre de novo necessário à Igreja interrogar-se sobre como evangelizar, como anunciar ao mundo a mensagem eficaz do Evangelho e, sobretudo, fazer com que ele cresça no coração das pessoas.
Nessa exigência, os primeiros afetados são os padres, visto que precisam entrar nessa dinâmica de um mundo de coisas passageiras e propor a mensagem duradoura do Evangelho. Urge perguntar como propor aquilo que é duradouro para uma cultura do transitório? Nessa perspectiva o cardeal colabora muito.
Para ele o que se deve ter sempre em mente é o fortalecimento da pessoa e da identidade do presbítero, é necessário que seja sempre clara para ele a sua identidade para que não se misture com aquilo que não é da sua essência. O significado de ser presbítero também precisa estar na mente e no coração dos padres.
O ponto que Dom Cláudio chama a atenção com insistência é na espiritualidade presbiteral, uma vez que o padre está fortalecido cada vez mais naquilo que ele é, tudo se torna mais fácil para conduzir sua missão. Assim diz o cardeal assinalando a caridade pastoral, “quando falamos de caridade pastoral, falamos da caridade que é o verdadeiro Deus, revelado por Jesus Cristo. caridade que é amor de doação, sem reservas, amor dirigido não a si mesmo, mas aos outros, amor que se esquece de si mesmo, pronto a dar toda a sua própria vida pelo Outro, ou seja, por Deus, e, pelos outros, ou seja, pela humanidade”.
O cardeal insiste na alteridade como fonte de espiritualidade e que ela faz com que a capacidade de diálogo sempre cresça nos presbíteros, a vontade de comunicar a Verdade da fé é essencial. A proximidade é sempre um caminho oportuno para os tempos cambiantes, na relação estabelece-se o frutuoso diálogo evangelizador tendo por autor o próprio Jesus.
Dom Cláudio faz o seguinte questionamento e supõe uma resposta: “Mas como conduzir alguém para o encontro com Jesus, talvez para o primeiro encontro ou então um reencontro? A resposta é: pelo anúncio da pessoa de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, e seu Reino. Portanto, pela pregação do Kerigma”.
A resposta é sempre Jesus mesmo, Ele é a razão de tudo, falar Dele é a resposta para todas as inquietudes humanas e vai ao âmago do coração de cada crente. Segundo o bispo “a nova evangelização apresenta-se hoje como indiscutível e prioritária urgência da Igreja. Sua necessidade impõe-se devido à grave crise de fé que devasta os países de antiga tradição cristã, em especial no Ocidente, a começar pela Europa. A crise foi gerada principalmente pela nova cultura, pós-moderna e urbana, que ostenta como característica fundamental o relativismo”.
Essa afirmação do cardeal responde às inquietações colocando novamente em questão a inadiável urgência de uma nova evangelização ou primeira evangelização, fazer com que as pessoas tenham contato com o que dá sentido a vida delas.
Antes disso é preciso que os padres estejam convencidos dessa necessidade e se disponham a anunciar Aquele que é a sua própria vocação, passando pelo mundo fazendo o bem anunciando a Verdade. O lugar da missão é todo lugar, já afirmou o beato Paulo VI, e o coração da nova evangelização é o coração de cada ser humano, a começar pelos padres. É preciso que se reevangelize sempre, para que o ardor sempre impulsione a anunciar que Deus é Bom e ampara o ser humano em suas misérias.
O cardeal, na sua larga experiência propõe aos futuros padres que nunca deixem de se reencantar por Jesus e não se preocupem para onde serão conduzidos no futuro, só Deus basta.
ALESSANDRO TAVARES ALVES
II ano de Teologia