A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil presenteou as comunidades com o rico e fecundo documento número 100 “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia, a conversão pastoral da paróquia” no intuito de continuar o impulso de renovação das paróquias iniciado em 2007, com o Documento de Aparecida.
Na esteira do Concílio Vaticano II, este texto quer favorecer a abertura da Igreja, através das paróquias, no que tange o seu relacionamento com a sociedade. E o que há de novo nesse documento? Quais suas contribuições para um novo ardor missionário que inclui a renovação paroquial? Quais as consequências para a vida pastoral? Responder a essas perguntas é o objetivo deste trabalho, que pretende dar a conhecer com maior clarividência o Documento dos Bispos.
1) A novidade do Documento
Os textos publicados pela Igreja geralmente são densos e parecem ser meio chatos e repetitivos, sendo taxados de prolixos e com poucas novidades. Isso carece de uma explicação mais plausível. Evidente que o Magistério é o mesmo, ancorado sempre Sagrada Escritura e na Santa Tradição, mas elas se fazem novas sempre, visto que as perguntas se renovam e elas precisam sempre responder às inquietações do tempo presente.
A Igreja é questionada sobre o seu ser no mundo e deve responder, utilizando novos métodos e novas expressões, para que não se torne ultrapassada e nem seja uma voz no deserto. Assim, as publicações são sempre novas, e, de novo, carregadas de novidades. O documento 100 não se diferenciaria nisto. Por princípio já é diferente por ser elaborado no pontificado do Papa Francisco, e já embasado nas suas proposições para um novo jeito de ser Igreja.
O documento é fruto de dois anos de estudo, reflexo também da primeira exortação apostólica do Sumo Pontífice sobre a Alegria do Evangelho, Evangelii Gaudium, a partir das riquezas apresentadas por Francisco, os Bispos elaboraram o documento, tendo ainda por base os discursos e homilias do Papa na sua estadia no Brasil, por ocasião da jornada Mundial da Juventude.
Fundamenta-se ainda no documento de Aparecida e nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, tudo isso, em um esforço contínuo para repropor a renovação paroquial no intuito de assemelhar cada vez mais o “ser da paróquia” à característica de “teia de relações”, onde se viabiliza ainda mais o ser pessoal e cristão para o fortalecimento da dignidade humana.
A adaptação da linguagem é sempre necessária, tendo em vista as novas e urgentes exigências de compreensão da sociedade. A Igreja, na riqueza de seu ser, que é sempre relacionada a Jesus de Nazaré, precisa comunicar a Bondade de Deus e sua misericórdia. Comunicar Jesus, que é a novidade absoluta, e que sempre de novo o ser humano espera por esse anúncio.
2) Quais suas contribuições para um novo ardor missionário que inclui a renovação paroquial?
As contribuições são as mais variadas no sentido de renovação paroquial. O texto além de apresentar a situação das paróquias hoje, colabora na leitura da realidade eclesial e possibilitam entender aquilo que precisa ser mudado tendo em vista a renovação e aquilo que deve ser mantido e que colabora para o crescimento da paróquia.
É redobrada a atenção sobre o fato de a paróquia ser dinâmica e sempre missionária, por isso, sempre necessitada de conversão pastoral, já proposta em 2007 em Aparecida. A estrutura paroquial é referência para os batizados e sua configuração social tem sofrido alterações nos últimos tempos. Ela tem sua influência diminuída na vida das pessoas, nos tempos de hoje. (cf. Doc 100, 1).
A riqueza do documento está radicada também na possibilidade prática de sua aplicabilidade, isso contribui para que ele não seja mais uma proposição teórica que se encerra nas gavetas das secretarias paroquiais, mas sim, uma efetiva preocupação com o que a Igreja é e deve ser nos tempos de hoje.
Os sinais dos tempos exigem uma conversão pastoral e isso se concretiza com a renovação pastoral, que atinge a paróquia em todas as suas dimensões. O texto colabora dando eco à voz do Papa Francisco sobre o jeito de estar na Igreja e de ser Igreja, para que os valores do Evangelho sempre cresçam e ganhem mais significado.
O Documento é um conjunto de contribuições que, quando colocadas em prática, dinamizam ainda mais a paróquia renovando sua vocação de ser casa de todos e para todos, onde Deus se faz presente pela sua Palavra e Eucaristia.
3) Quais as consequências para a vida pastoral?
As consequências são positivas e merecem ser levadas a sério, ganhar notoriedade na vida das paróquias para que se colha os frutos de uma paróquia que constantemente se vive a conversão pastoral. Fundada sempre na Palavra de Deus, sempre acolha aqueles que procuram a paróquia, e desejam fazer parte ativa dela.
Deve sempre recordar o que o Papa Francisco chama de pastoral, “quero lembrar que pastoral nada mais é que o exercício da maternidade da Igreja. Ela gera, amamenta, faz crescer, corrige, alimenta, conduz pela mão… Por isso, faz falta uma Igreja capaz de redescobrir as entranhas maternas da misericórdia” (discurso aos Bispos do Brasil, JMJ 2013, p.4).
Daí se entende as consequências pastorais deste documento que segue e intensifica as palavras do papa. A paróquia, Comunidade de comunidades é o ouvido da Igreja, é a ela que se apresentam as pessoas carentes da Palavra de Deus, querendo o calor de seus pastores, procurando ter o coração aquecido. E é também a ‘boca’ da Igreja, por onde ecoa o Magistério reforçando a identidade da Igreja enquanto ‘Mãe e Mestra da Verdade’.
Intensifica a ação pastoral da Igreja que se dá no relacionamento com as pessoas, formando pequenas comunidades de discípulos convertidos e que querem seguir o Mestre e colocar seus ensinamentos em prática. A paróquia torna sempre mais a casa de todos e para todos.
Referência
CNBB, Comunidade de comunidades: uma nova paróquia, a conversão pastoral da paróquia. Documentos da CNBB, 100. São Paulo, paulinas, 2014.
Alessandro Tavares Alves
Seminarista