A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil aprovou o documento 106 sobre o dízimo, intitulado “o dízimo na comunidade de fé: orientações e propostas”, nele, os pastores trabalham a dimensão do dízimo levando em consideração sua abrangência na vida eclesial, bem como sua importância na vida do cristão e da Igreja mesma.
Os bispos formulam a compreensão e a partir daí orientam as comunidades a trabalharem mais eficazmente na conscientização de ser dizimista, uma vez salientada sua função e necessidade na vida eclesial. O documento é norteado pelos seguintes princípios: elementos bíblicos e teológicos fundamentais para a compreensão do dízimo, esclarecimento de termos e conceitos para superar os equívocos relacionados a essa dimensão, orientações a respeito da pastoral do dízimo e uma linguagem encorajadora e propositiva para as Igrejas particulares.
Os pastores assim definem o dízimo: “é uma contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja. Ele pressupõe pessoas evangelizadas e comprometidas com a evangelização” (CNBB, 6). A doação é sempre motivada pela fé, partindo de um coração grato e generoso que reconhece a ação de Deus sempre gratuita na vida do ser humano.
O dízimo apresenta as seguintes características: é relacionado com a experiência de Deus e com o amor fraterno; é um compromisso moral dos fiéis com a Igreja; é fixado de acordo com a consciência retamente formada; é sistemático e periódico.
Nesse sentido, afirmam os bispos: “a correta compreensão do dízimo evita que ele seja proposto e assumido unicamente como forma de captação dos recursos para as outras pastorais, para a sustentação de pessoas e para a manutenção das estruturas eclesiais. Essa compreensão não expressa toda a riqueza de seu significado, não podendo, portanto, ser apresentada como única motivação principal, pois haveria grave risco de reducionismo” (CNBB, 12).
O Documento aborda do parágrafo 13 até o 27 a fundamentação bíblica do dízimo, enfatizando que ele é componente integrante da história da salvação. Em seguida são trabalhadas as dimensões e as finalidades respectivamente. A estrutura do texto é rica no intuito de tornar compreensível a palavra da Igreja nesse assunto.
As orientações são muito claras e compreensíveis por parte das comunidades. Os bispos definem a pastoral do dízimo como “a ação eclesial que tem por finalidade motivar, planejar, organizar e executar iniciativas para a implantação e o funcionamento do dízimo, e acompanhar os membros da comunidade no que diz respeito à sua colaboração, em sintonia com a pastoral de conjunto com a Igreja particular” (CNBB, 36).
Assim, a implantação do dízimo é fundamental para a vida paroquial e de toda a Igreja. Nesse sentido, os pastores destacam os elementos fundamentais para uma bem-sucedida implantação do dízimo: o conhecimento, por parte dos membros da Igreja particular, do significado, das dimensões e dos objetivos do dízimo; a adoção de um processo participativo no planejamento da implantação e da organização da pastoral do dízimo; a colaboração convicta e responsável dos ministros ordenados e dos demais agentes de pastoral; a imprescindível adesão de todas as paróquias da Igreja particular; a escolha criteriosa do material a ser usado; a distinção cuidadosa entre o dízimo e outras formas de contribuição dos fiéis.
É, com efeito, necessário formar os agentes que vão trabalhar com o dízimo. Neste sentido, os bispos oferecem elementos fundamentais para se pensar esse critério. Assim eles afirmam que é preciso: “investir na formação de agentes de pastoral; formar de modo progressivo e integral; dar o testemunho de dizimistas, o que tem grande impacto no processo de conscientização sobre o dízimo e sobre a motivação permanente da comunidade; inserir os agentes na pastoral de conjunto e ter seus representantes nos conselhos de pastorais e econômicos e nas assembleias pastorais; dispor de meios adequados para facilitar a execução de sua missão e de seu trabalho” (CNBB, 66).
Os pastores concluem dizendo que “estas orientações e propostas são oferecidas às nossas comunidades como uma referência em seu empenho de conversão pastoral e de renovação comunitária. Nesta hora missionária da Igreja no Brasil renova vigorosamente sua opção pelo dízimo, como forma habitual de manutenção das comunidades e da ação evangelizadora” (CNBB, 85).
Alessandro Tavares Alves
IV ANO DE TEOLOGIA